Os Domingues - Parte 3

- É mesmo? E dai? - Marcos falou com um certo desprezo.
- Calma rapaz, só estava tentando iniciar uma conversa! - Disse rindo o simpático senhor.
- Por que? - Ainda contrariado com aquilo Marcos perguntou.
- Porque você parece ser um bom rapaz que passou por um dia ruim, porque eu gosto de conversar e porque eu me vejo em você. Prazer, Júlio Daniel e você?

Marcos pensou um pouco, analisou aquele homem que apareceu (Não que valesse alguma coisa, ele só achou que se ficasse olhando fixamente para o homem e fizesse cara de quem está pensando iria impressiona-lo com sua inteligência superior) e enfim disse: 

- Marcos Domingues, moro em alguma rua perto daqui, na verdade eu me perdi no caminho de casa e esqueci o nome da minha rua, alias em que cidade estamos?
O homem riu (Pensou que ele estava brincando) e quando parou, ainda soluçando falou:
- Domingues ein... interessante! Mas diga Marcos, como você veio parar aqui então?
- Minha mãe me jogou para fora do carro porque eu queria saber sobre o meu pai e disse para eu me virar para ir pra casa. - Marcos falou desolado, parecendo e agindo realmente como uma criança perdida.
-  Pois bem, irei te ajudar a encontrar sua casa, fui com a sua cara Marcos! Você me faz lembrar de quando eu era jovem, acredita que eu só conseguir ir sozinho pra casa com vinte anos?

Os dois se levantaram das cadeiras no balcão, pagaram a conta, saíram da lanchonete conversando,  Júlio sempre rindo e Marcos desconfiado, (Afinal havia acabado de conhecer aquele senhor e já estava andando com ele por ai) até que chegando bem perto do carro de Júlio, Marcos parou e perguntou:

- Espera, e se você for um pedófilo que quer me estuprar e abusar de mim?
- Eu seria um pedófilo muito retardado porque nem querendo dá pra pensar que você é uma criança! Eu vou te levar para um bar rapaz, um pouco de álcool sempre clareia a mente!

Entraram no carro e saíram para o lado oposto da sua casa, que ficava na rua de trás porém a amnésia temporária de Marcos (Ou frescuragem como diria sua mãe) não o fez perceber.

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Mirian chorava sem parar no carro enquanto escutava sua playlist com Adele, Amy Winehouse, Vanessa da Mata, entre outros, pensando no quanto todos (Tomás) deviam estar a achando ridícula, patética e criança, "Porque quem com plenos 15 anos é pega na porta da escola pela mãe?" pensava ela, e ainda teve o vexame do que sua mãe disse. Vera ao perceber o choro incessante de sua filha olhou a e disse com toda doçura de mãe:

- Minha filha, pare com isso. Isso é só um momento, uma experiência a mais para você rir no futuro e outra coisa - Seu tom de voz mudou para o tom de Vera de sempre - Eu já expulsei seu irmão desse carro porque ele estava enchendo o saco, não me faça fazer isso com você também, então engole o choro!
- O Marcos estava aqui? Onde a senhora deixou ele mãe? Esqueceu que ele é cheio de problemas? - Disse Mirian surpresa com a revelação de sua mãe.
- Estava sim, quem sabe agora ele vire homem e não se preocupe eu deixei ele perto de casa.
- Isso e nada é a mesma coisa mãe, o Marcos não sabe nem o caminho até o quarto dele! Ainda falta muito até a casa do papai? - Mirian resolveu mudar de assunto porque percebeu que falar sobre seu irmão não daria muitos resultados nem mudaria a atitude de sua mãe.
- Quase nada para falar a verdade, mas vamos para nesse bar porque eu preciso beber um pouco. Você sempre quis dirigir não é? Hoje é seu dia, Tá-Dán!

Mirian olhou incrédula para Vera, ela estava fora da razão e não percebia isso, Vera estacionou o carro e saiu, Mirian ficou pois preferia chorar ouvindo suas músicas do que entrar num bar estranho com pessoas mais estranhas ainda e bêbadas para piorar.

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Júlio e Marcos já estavam no balcão, dessa vez do bar, eles tinham pedido a bebida mais forte que o lugar tivesse, pois Júlio disse que Marcos tinha que começar com chave de ouro, e ela tinha acabado de chegar. Primeiro o senhor bebeu de uma só virada e depois o jovem bebeu todo numa só virada de copo o imitando, mas isso não deu muito certo e ele começou a se sentir mal, muito mal e correu para o banheiro ao som das risadas de Júlio.

- Não era pra ter feito isso rapaz! Era sua primeira vez, devia ter começado devagar! - Disse rindo.

Marcos respondeu com um cotoco (Responderia com dois se a sua outra mão não estivesse na boca segurando o inevitável) e logo em seguida uma mulher, não muito jovem porém não muito velha, se sentou ao lado de Júlio no balcão, ele a olhou e depois de um tempo falou:

- O que uma mulher tão bonita faz aqui?
- Bebendo eu acho, afinal isso é um bar! Ou mudou e eu não sei? - A mulher estava com cara de pouco amigos.
- Calma, só estava sendo gentil! Posso te pagar uma bebida? - Júlio ficou surpreso como uma mulher tão bonita podia ser tão bruta.
- Talvez, tente.
- Tudo bem, meu nome é Júlio Daniel e o seu?
- Vera Domingues.

A noite ia surgindo e ia passando, eles tomaram alguns drinques, conversaram, ficaram bêbados. Enquanto Marcos vomitava no banheiro e Mirian chorava no carro.   

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