Suzana & Canã - Parte 1

Numa tarde como qualquer outra, num dia como qualquer outro, onde sol estava lá no alto esquentando a cabeça de todos e que as pessoas andam apressadas para os seus afazeres, "Enfim um dia como qualquer outro" era o que eles pensavam, mas não era um dia assim. Hoje era um dia diferente, um dia que tão cedo eles esqueceriam, o dia em que se encontrariam novamente. Quem são eles? Ora, toda história tem que começar dando nome aos bois não é mesmo? Pois bem, seus nomes são Suzana e Canã. E na tal tarde citada no começo, entre todas as pessoas que andam apressadas, eles foram justamente se esbarrar um no outro. Sabe, eles poderia simplesmente pedir desculpas pelo esbarrão (Ou não pedir, afinal as pessoas são tão mal educadas hoje em dia) e seguir o seu caminho, fazia tanto tempo que não se viam que não lembravam do outro, alias não queria lembrar, mas quis o destino ou o cérebro maroto (Tirem suas conclusões) que em um rápido lampejo eles lembraram. E como lembraram.

- Suzana? - Ele disse não acreditando no que via.
- Sim, de onde você me.. Não, você é o Canã não é?
- Sou eu sim, quanto tempo! Faz uns 6,7 anos...
- Pois é! E você, como vai?
- Vou muito bem, obrigado! Apesar de tudo que você fez...- Disse ele em um tom irônico percebível a quilômetros de distância. - Mas e você, como vai? - Quando Suzana se preparava para falar, ele a interrompeu. - Espera, já que estamos aqui mesmo, que tal tomarmos um café?
- Vou bem também! Pode ser, aquele lugar parece bom... - Ela falou meio desconcertada, apontando para um prédio velho porém aprazível.

Enquanto tinham essa conversa, meio desajeitadamente, como se preferissem estar em qualquer lugar que não ali, foram entrando em uma lanchonete e sentando numa mesa no canto do lugar, lugar esse bem propicio para a discussão que seguiria, um lugar barulhento onde poderiam conversar e ninguém se importaria com nada falado ali. (A não ser que alguém fosse esfaqueado, ai as pessoas esticariam a cabeça para olhar, mas só isso.)

- Continuando, não vamos falar sobre esse assunto pois como você mesmo disse já passou muito tempo e nós éramos só adolescentes... - Suzana estava querendo mudar de assunto, mesmo sabendo que aquilo era inevitável.
- Você não quer falar sobre isso por que passou  muito tempo ou por que não quer lembrar o quanto você me enganou?
- Pelo amor de Deus, Canã! Eu não queria te enganar, alias eu só não te disse logo porque eu não queria te machucar!
- Parabéns, você é péssima em alcançar seus objetivos!
- Você também, fica ai se fazendo de vítima, de santo, como se nunca tivesse feito isso com ninguém! - Suzana se exaltara, mas para aquele lugar tão barulhento, não era mais que uma conversa normal.
- Fiz sim, como todo mundo, mas ao contrário de você eu não passei 5 meses enganando essa pessoa, escondendo o que pudesse faze-la descobrir, nem falando nem deixando as outras falarem, traindo essa pessoa! - Canã se exaltava mais ainda que Suzana.
- Já te disse que não foi nada disso, isso foi história daquele povo e...
- O que vão querer? - Eis que chegou a salvadora da pátria, a ganhadora do prêmio Nobel da Paz, a incrível e sempre mal-humorada garçonete (Que não nos importa o nome nessa história).

Os dois olharam surpresos e confusos para aquela mulher que apareceu com um caderno na mão sorrateiramente, na verdade estavam tão concentrados na sua conversa que não notaram quando ela chegou.

- Ah... sim... pedido? - Canã perguntou ainda confuso com aquela estranha mulher.
- É, pedido. Aquele negócio em que você dizem o querem comer, eu finjo que anoto, falo pro cozinheiro e o motivo de vocês terem entrado aqui. Porque até onde eu sei ainda não contrataram gente para esquentar os bancos.
Suzana se adiantou: - Um café e um sanduíche natural para nós dois, por favor. Tudo bem? - Olhou para Canã que assentiu com a cabeça.

A garçonete saiu a passos lentos, deixando mais que claro que só fazia aquilo por obrigação e que estava mais do que entediada daquilo, e enquanto isso os dois na mesa já se olhavam como se estivessem prontos para começar o segundo round.

Mais uma vez Suzana começou logo a falar - Como eu ia dizendo, aquilo foi história daquelas pessoas! Foi no máximo um mês e não aconteceu nada demais!
- Não aconteceu nada demais tantas vezes que assim que eu descobri tudo vocês começaram a namorar...
- Pará com isso, parece até que voltamos no tempo! Tudo do mesmo jeito de 6 anos atrás, você me acusando de mil coisas e se fazendo de vítima!
- Se fazendo de vítima nada, eu sei que errei, demorei demais pra lutar pela gente, me importei demais com a opinião alheia, mas eu queria pelo menos um pouco de consideração! Um "Ei, cansei de esperar, me arranjei com outro aqui!" e não um "Continuei minha vida, mas vou fingir que ainda estou esperando, tá certo?"
- Se te faz ficar menos revoltado, eu terminei com ele a muito tempo!
- Obrigado mas não faz! Com ele ou sem ele a merda já foi feita! E eu perdi tempo demais da minha vida com isso!
- E você quer que eu faça o que? Te peça desculpa pelo seu precioso tempo perdido?! Me poupe!
- É, realmente foi um grande tempo perdido com uma pessoa como você!
- Eu nunca pedi pra você gostar de mim!
- Então nunca tivesse me dito que sentia o mesmo quando na verdade você só achava que era isso!

E como Suzana havia dito, parecia que eles tinha voltado para 6 anos atras e naquela tarde como qualquer outra, naquele dia como qualquer outro, naquela lanchonete barulhenta, o jovem Canã e a jovem Suzana teriam a conversa que deveriam ter tido a 6 anos...
        

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